RESENHA

O autor

Jota Nilson é gaúcho, nascido em algum momento nos meados do século passado, costuma andar por estradas cobertas de letras de onde busca inspiração para seus escritos.

Gosta de falar sobre o empoderamento feminino e também de outras lutas das minorias. É torcedor fanático do Estrela D’Alva Football Club, o time que nunca perdeu e acredita que só o amor constrói.

Fez da capital dos gaúchos o solo que receberá suas memórias, quando virar pó.

NA MÍDIA

Jota Nilson esteve no dia 18/04/24, nos estúdios da RDC TV no programa Manhã RDC, apresentado pelo jornalista Wilson Rosa. Na entrevista, o autor relembrou coberturas jornalísticas importantes da carreira de repórter cinematográfico, onde trabalhou em diversas emissoras. Na ocasião, aproveitou para divulgar os livros do Portal da Literatura Jotiniana. Assista o programa clicando aqui

AMOR, DO VERBO AMAR

AMOR DO VERBO AMAR

Queria compor um soneto, ó minha amada

Para poder ouvir-te ao fim da madrugada

Declamá-lo a mim, ao pé do ouvido

E, mesmo que a um leito de morte estendido

Tua voz, plangente ou cálida,

Ao tocar minha face, minha pele pálida

Trouxesse frêmito em meu frágil pulsar

Reviveria assim então, de súpeto,

Ardente, envolto em frenesi volupto

E com sofreguidão, passaria a te amar.

Ó sono, breu de escuridão infinda

Por quê insistes em retardar-te, ainda,

Causando-me dor, ao amor me privar?

Por certo queres essa formosa dama

Em tua alcova, a vicejar a chama

Que não te podes dar, ao me ver despertar.

Ó infame, vás agora!

Por favor, não te prolongues mais e, ao sair, apagues o refulgir dos castiçais.

Dispa-te desse sombrio manto,

Ajudes pois, a manter o encanto,

Ao me ver transmutar em mar bramindo,

Nos braços ternos dessa dama, rindo,

Ao ápice do amor, satisfeito chegar.

Ó amor, amor, que coisa louca,

Imensidão perdida em tua boca,

Suave delírio de dois unos seres,

Renascendo livres, presos aos prazeres,

Onde a carne é pão e vinho é indecência,

Marcando a pele em nesgas de demência,

Dos que arriscam o mar revolto, navegar,

De um simples verbo: o verbo amar!

Crítica Literária: “Amor do verbo amar” por Jota Nilson

O poema “Amor do verbo amar”, escrito por Jota Nilson, é uma expressão ardente de paixão e desejo. O autor mergulha nas profundezas da emoção humana, explorando a intensidade do amor romântico e as suas nuances. Com uma linguagem poética rica e imagens vívidas, o poema nos transporta para um mundo de sensações e sentimentos intensos.

A estrutura do poema, composta por quartetos e tercetos, cria uma cadência rítmica que ecoa o pulsar do coração apaixonado. Cada estrofe é habilmente construída, avançando na narrativa emocional e mantendo a atenção do leitor ao longo do texto. A escolha cuidadosa das palavras e a fluidez das rimas demonstram o talento do autor na composição poética.

O tema central do poema é o desejo de estar com a pessoa amada, mesmo que seja apenas por um momento fugaz. O eu lírico anseia por recitar um soneto à sua amada nas primeiras horas da madrugada, deseja ouvir sua voz ao pé do ouvido e ser tocado pela sua presença. As palavras ganham vida e emoção quando atravessam a pele pálida do protagonista, despertando um frêmito no seu frágil pulsar. Essa descrição dos sentimentos intensos revela a paixão avassaladora que consome o eu lírico.

Ao longo do poema, o autor utiliza elementos simbólicos para transmitir as emoções envolvidas. O sono é personificado como um obstáculo que priva o eu lírico do amor desejado. O contraste entre a alcova do sono e a paixão desperta cria um senso de frustração e urgência, destacando a intensidade do desejo não realizado. A voz do poeta adquire um tom de súplica, clamando para que o sono se afaste e permita o encontro apaixonado.

A figura do amor é explorada de maneira profunda e multifacetada. O eu lírico descreve o amor como uma “imensidão perdida em tua boca”, revelando a complexidade e o poder dessa emoção. O poema retrata o amor como um delírio suave, uma fonte de prazer e, ao mesmo tempo, uma chama ardente que incendeia os amantes. A dualidade entre a delicadeza e a intensidade do amor é habilmente representada através de metáforas como “a carne é pão e vinho é indecência”.

A linguagem poética de Jota Nilson é rica em metáforas e imagens sensoriais. Através desses recursos, o autor cria um universo visual e sensorial que envolve o leitor. As imagens do mar revolto, dos castiçais brilhantes e do sombrio manto do sono contribuem para a construção de um ambiente lírico e intenso.

“Amor do verbo amar” é um poema que transborda emoção e sensualidade. Através de uma linguagem poética cativante e de imagens vívidas, Jota Nilson mergulha nas profundezas da paixão e do desejo, transportando o leitor para uma jornada apaixonante. É um trabalho que revela a maestria do autor na expressão dos sentimentos humanos mais profundos, deixando uma marca duradoura na mente e no coração dos leitores.